Pirâmide x Multinível: entenda as diferenças

Enquanto um é crime, o outro é um dos modelos de negócio que mais crescem no mundo. Mas como saber o que é golpe e o que não é?

Marketing multinível, MMN, marketing de rede, venda direta, etc. Enfim, muitas são as designações deste modelo de negócio, onde o consumidor também é um revendedor de produtos, como é o caso da Avon, Jequiti, DWL Brasil, Herbalife, dentre outros.

Este modelo de negócio tem sua história recente baseada no sistema criado pelo médico, químico e industrial Dr. Carl Rehnborg quando, em 1941, lançou nos Estados Unidos uma variante do modelo de vendas diretas e que, ao final dos anos 70, já era uma das atividades em maior expansão no mundo.

A principal base de legalidade do Marketing de Rede está no artigo 170 da nossa Constituição Federal de 1988, que dispõem que a ordem econômica é fundada nos princípios da livre iniciativa e livre concorrência. Ou seja, em nosso país, todos os negócios que não são expressamente proibidos, são permitidos.

O modelo é reconhecido juridicamente por entidades e órgãos oficiais, nacionais e internacionais. Como o Marketing de Rede é uma alternativa muito mais próxima dos consumidores, o investimento que seria empregado como propaganda na mídia tradicional pode ser revertido para o pagamento de bônus aos membros da rede, onde estes têm conhecimento muito maior sobre os produtos ou serviços.

Nestes casos, é importante destacarmos ainda que a pessoa que participa do sistema de distribuição de uma empresa de venda direta é considerado um vendedor autônomo, sem vínculo empregatício.

Por sua vez, existem também as famigeradas Pirâmides Financeiras, golpe financeiro ilegal, criminoso, e que vez ou outra se traveste de Marketing de Rede para ludibriar vítimas em busca de dinheiro fácil.

Neste esquema, o fluxo de ganhos está baseado na entrada de mais membros, quais pagam uma “taxa” para ingressar e cujos valores são repassados para os membros que estão na parte de cima da pirâmide.

Para obter lucro, o esquema precisa se basear num crescimento exponencial, porém, se cada pessoa recrutar mais seis, em apenas 11 gerações toda população mundial teria de ser capitaneada para o esquema.

Sendo assim, o modelo é insustentável e é criminalizado no Brasil desde a Lei n. 1.521 de 1951, pois em pouco tempo não há mais gente para recrutar, a empresa quebra e milhares de pessoas perdem seus investimentos, enquanto só o topo da pirâmide aferiu lucro com o negócio.

A fim de conferir uma aparência de legalidade, as pirâmides financeiras, muitas vezes, buscam se passar por empresas de Marketing de Rede, contudo, trazemos aqui algumas dicas para que você não caia nesse tipo de golpe:

  • desconfie de promessas de dinheiro fácil: chamadas para ganho rápido, lucros exorbitantes, helicópteros, ouro, etc., geralmente são iscas para pescar desavisados;
  • ausência ou reduzido portfólio de produtos: se a empresa se baseia em um único produto ou, pior ainda, se abstratos, como criptomoedas ou promessas de negócios futuros, desconfie;
  • preços desproporcionais: para tentar esconder o fluxo de dinheiro, os criminosos podem trazem produtos com valores absurdos, como a venda de pasta de dente por R$ 400,00;
  • foco no recrutamento, não nos produtos: para ser sustentável, o negócio precisa se basear na compra e venda dos seus produtos, cujos ganhos devem vir de comissões e não do pagamento da taxa de ingresso;

Sendo assim, concluímos que é muito importante difundir essas diferenças, a fim de trazer segurança a quem deseja investir em venda direta e fugir dos malefícios trazidos pelas pirâmides financeiras.

Por André Tolentino

Instagram @andretolentinoadv